
Há tantas formas de aprendizado! Tão óbvio ululante... Menos para quem não tem olhos de “ver”. Como assim? Para enxergar além do trivial.
Para quem se abre, os insights quase sempre surpreendem, pois as lições estavam pulando na sua frente. O aluno estava apenas com os olhos turvados. Até acontecer o “click”.
Não há limites de tempo e espaço para ampliar olhares. Faz alguns anos que descobri uma nova faculdade: a natureza. As aulas têm a intensidade que queremos. Depois de um período sem grandes imersões, decidi que era hora de dar um salto. Comecei a cultivar uma horta e um jardim “pra valer”.
Ah, quantas lições desde então!
De organização (não dá para misturar tudo), de paciência (todas as plantas têm seu tempo), de aceitação (quando as sementes não germinam ou as plantas morrem ou algum bichinho faz a festa), de deslumbramento (quando as sementes nascem e a cada dia crescem um pouco e se transformam), de gratidão (pela oportunidade de descobertas), de oração (quando simplesmente fico olhando para as plantas, em silêncio, com o peito quente).
As plantas mostram, literalmente, que informação nunca é demais antes de fazer qualquer coisa nova. Não saia a semear sem antes conhecer pelo menos um pouco sobre o que está lançando na terra.
Na pressa e ansiedade de ver minha horta acontecer, plantei alguns taiás que havia comprado na feira e estavam brotando. Não sabia que figurinhas minúsculas iriam se transformar em gigantes e matariam outras plantas ao redor com sua sombra.
Também já aprendi, na prática, que abóbora, chuchu, batata-doce e taiá não foram feitos para pequenos espaços.
Outro ensinamento inesquecível foi-me proporcionado pelo tão belo, pomposo e breve girassol: o de aceitar a efemeridade para viver plenamente o agora.
Mas foram as rosas vermelhas que me deram um puxão de orelha que valerá para todo o resto da minha vida: ajude apenas se pedirem ou se aceitarem de todo o coração.
As rosas estavam lindas e frondosas, mas eu tinha comprado um novo fertilizante e não me contive. Achava que, com ele, poderia deixá-las ainda mais belas e maiores.
Um dia depois de encharcá-la com o produto, a roseira estava murcha; as folhas, amarelas; as pétalas, caindo; e os botões, secos.
Estou, agora, tentando salvar o que restou das rosas vermelhas do meu jardim.
Texto da associada Tina Camilo - Publicado na Miniantologia - Letras Associadas 7
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